Alladin era filho de um pobre alfaiate chinês. Após a morte de seu pai quando ainda era jovem, sua mãe teve que trabalhar arduamente como diarista e costureira para sustentá-lo. Certo dia, enquanto brincava na rua com seus amigos, um homem estranho parou para observá-lo. Era um mágico africano que buscava a ajuda de um jovem e percebeu imediatamente que Alladin era a pessoa que procurava.
O mágico perguntou às pessoas ao redor quem era o menino e então se dirigiu a ele, indagando:
- Meu jovem, você é filho de Shang Ling, o alfaiate?
- Sim, senhor, mas meu pai faleceu há muito tempo – respondeu o menino.
Ao ouvir essas palavras, o mágico abraçou Alladin , com os olhos marejados de lágrimas, e disse:
- Você é meu sobrinho, pois seu pai era meu irmão. Reconheci você imediatamente, pois se parece muito com ele.
Em seguida, o homem deu duas moedas de ouro a Alladin, instruindo-o a ir para casa e pedir à mãe para preparar o jantar, pois ele jantaria com eles naquela noite.
Animado com o dinheiro e com a descoberta de um tio desconhecido, Alladin correu para casa e perguntou à mãe:
- Mamãe, eu tenho um tio?
- Pelo que eu saiba, não, meu filho. Seu pai não tinha irmãos, e eu também não tenho – respondeu a senhora.
- Acabei de encontrar um senhor que disse ser irmão do papai. Ele me deu esse dinheiro e disse que jantaria aqui hoje.
Surpresa e curiosa, a mãe pegou as moedas e saiu para fazer compras, passando o dia preparando o jantar. Quando tudo estava pronto, o mágico bateu à porta, trazendo presentes de frutas, doces e perfumes para a mulher. Ele cumprimentou a mãe de Alladin e, com lágrimas nos olhos, pediu-lhe que indicasse o lugar onde o irmão costumava se sentar. Durante o jantar, ele compartilhou suas histórias e aventuras de viagem.
- Minha querida cunhada – começou ele -, não é surpresa que você nunca tenha me visto. Passei quarenta anos fora deste país, viajando por muitos lugares. Fico realmente triste ao saber da morte do meu irmão, mas é reconfortante saber que ele deixou um filho tão encantador! – Virando-se para Alladin, ele perguntou: – O que você faz, meu rapaz? Trabalha no comércio?
Alladin, envergonhado por não fazer nada além de brincar na rua o dia todo e não frequentar a escola, baixou a cabeça sem saber o que dizer. Sua mãe então explicou:
- Infelizmente, ele não faz nada. Passa os dias desperdiçando o tempo brincando na rua. Estudar é algo que nem passa pela cabeça dele.
- Isso não é bom, meu sobrinho – disse o mágico. – É preciso pensar em um meio de ganhar a vida e considerar seu futuro. Eu gostaria de ajudá-lo. Se você quiser, vou abrir uma loja para você.
Alladin ficou emocionado com a ideia.
- Bem, decidiu o homem, amanhã vamos sair e comprar roupas elegantes. Depois disso, vamos pensar na loja.
No dia seguinte, como prometido, ele voltou e levou Alladin a uma loja que vendia roupas maravilhosas. O menino escolheu as peças que mais gostou. Em seguida, deram um passeio pela cidade e à noite foram a uma festa. Quando a mãe de Alladin o viu voltar tão bem vestido e ouviu tudo o que haviam feito, ficou muito feliz.
- Bondoso cunhado – disse à mágico -, não sei como agradecer tanta gentileza.
- Alladin é um bom menino – disse ele – e ele merece tudo o que fazemos por ele. Um dia nos orgulharemos dele. Amanhã, voltarei para levá-lo a um passeio pelo campo. No dia seguinte, abriremos uma loja de brinquedos.
Na manhã seguinte, Alladin levantou-se cedo, lavou o rosto, tomou café da manhã, escovou os dentes, despediu-se da mãe com um beijo e encontrou seu tio. Caminharam muito, até chegarem a uma fonte de água cristalina. O mágico abriu uma cesta com frutas e bolos. Depois de comer, continuaram a caminhar até chegar a um estreito vale cercado por montanhas. Era exatamente o lugar que o homem esperava encontrar. Ele havia levado Alladin até lá por um motivo misterioso.
- Não iremos mais longe – anunciou o homem. – Vou lhe mostrar algo que ninguém jamais viu. Enquanto você junta gravetos para fazer uma fogueira, vou acender um fósforo.
Alladin rapidamente coletou uma pilha de gravetos secos, enquanto o mágico acendia o fogo. Quando as chamas cresceram, ele jogou incenso sobre elas e recitou algumas palavras mágicas que Alladin não compreendia bem. De repente, a terra se abriu diante deles, revelando uma grande pedra com uma argola de ferro em sua parte superior. Alladin estava tão assustado que teria fugido se o mágico não o tivesse segurado.
- Se você me obedecer, não se arrependerá. Debaixo dessa pedra, há um tesouro que fará você mais rico do que todos os reis do mundo. No entanto, você precisa seguir minhas instruções à risca para obtê-lo.
O medo de Alladin desapareceu e ele declarou ao tio:
- O que devo fazer? Estou pronto!
- Segure a argola e levante a pedra – disse o homem.
Alladin levantou a pedra e a colocou de lado. Abaixo dela, uma escada subterrânea se revelou, levando a uma porta.
- Desça esses degraus e abra aquela porta – ordenou o mágico a Alladin. Você entrará em um palácio com três salões enormes. Em cada salão, haverá quatro vasos cheios de ouro e diamantes. Não mexa em nenhum deles. Atravesse os três salões sem parar e tome cuidado para não encostar nas paredes, pois isso resultará em morte instantânea. No final do terceiro salão, há uma porta que leva a um pomar repleto de árvores carregadas de frutas lindas. Ao atravessar o pomar, você chegará a um muro onde encontrará um nicho. Nesse nicho, há uma lâmpada acesa. Pegue a lâmpada, descarte o pavio e o azeite, e traga-a o mais rápido que puder.
Dizendo essas palavras, o mágico tirou um anel de seu dedo e o ofereceu a Alladin, explicando:
- Se você me obedecer, este anel o protegerá de todos os males. Vá, meu sobrinho. Faça exatamente o que eu disse e seremos felizes pelo resto de nossas vidas.
Alladin desceu os degraus e abriu a porta. Encontrou os três salões e atravessou-os com cuidado, chegando ao pomar. Ele foi até o muro, pegou a lâmpada do nicho e seguiu as instruções do mágico, descartando o pavio e o azeite.
Em seguida, ele amarrou a lâmpada ao seu cinto. Estava prestes a voltar, mas ficou maravilhado com as árvores carregadas de frutas de cores diferentes: branco, vermelho, verde, azul, roxo, todas brilhantes. Na verdade, essas não eram frutas, mas pedras preciosas como pérolas, diamantes, rubis, esmeraldas, safiras e ametistas. Alladin, sem saber o valor delas, pensou que eram apenas pedaços de vidro. No entanto, ele ficou encantado com as cores e pegou algumas de cada cor, enchendo seus bolsos e a bolsa de couro presa ao cinto. Carregado com esses tesouros, ele correu pelos salões e chegou à saída da caverna.
Ele viu seu tio esperando por ele no topo da escada e pediu:
- Dê-me a mão, meu tio, me ajude a sair daqui.
- Primeiro, entregue-me a lâmpada – exigiu o mágico.
- Na verdade, não posso fazê-lo agora, porque estou carregando outras coisas que dificultam minha subida. Mas assim que chegar lá em cima, eu a entregarei – explicou Alladin.
O mágico, irritado com a ousadia do garoto e ansioso para possuir a lâmpada, jogou um pouco de incenso no fogo, pronunciou algumas palavras mágicas e imediatamente a pedra voltou ao lugar, bloqueando a saída da caverna misteriosa.
Quando Alladin se viu na escuridão, tentou encontrar novamente a porta que levava aos salões, na esperança de chegar ao pomar. No entanto, a porta estava fechada. Por três dias, Alladin ficou na escuridão, sem comer nem beber. Finalmente, ele juntou as mãos em oração e, ao fazer isso, esfregou o anel que o mágico havia colocado em seu dedo. Imediatamente, um gênio enorme e assustador surgiu do chão, dizendo:
- O que deseja? Sou o servo do anel e vou cumprir suas ordens.
Alladin respondeu:
- Tire-me daqui.
Logo, o chão se abriu novamente e ele se encontrou do lado de fora. Tonto e confuso, ele caminhou até em casa e desmaiou ao chegar à porta. Quando recobrou os sentidos, ele contou à mãe o que havia acontecido.
Então, ele entregou a lâmpada e as frutas que havia trazido. Pediu a ela um pouco de comida, ao que ela respondeu:
- Meu filho, não tenho nada em casa, mas costurei algumas roupas que pretendo vender para podermos comprar algo.
- Em vez das roupas, mamãe, venda a lâmpada – propôs o menino.
Ela pegou a lâmpada e começou a esfregá-la para limpá-la, pois estava muito suja de terra. Nesse momento, um gênio surgiu e gritou bem alto:
- Sou o gênio da lâmpada e obedecerei à pessoa que a estiver segurando.
A senhora estava tão assustada que não conseguia falar, mas o menino a agarrou corajosamente e disse:
- Arranje-me algo para comer!
O gênio desapareceu e, minutos depois, voltou equilibrando uma bandeja de prata na cabeça, com doze pratos também de prata, repletos das melhores comidas. Havia ainda dois pratos e dois copos vazios. Ele colocou a bandeja na mesa e desapareceu novamente.
Alladin e sua mãe sentaram-se e comeram com grande prazer. Nunca tinham provado comida tão deliciosa. Depois de comer tudo, eles venderam os pratos, o que lhes proporcionou dinheiro suficiente para viver confortavelmente por algum tempo.
Um dia, enquanto passeava pela cidade, Alladin ouviu uma ordem do sultão para que todas as lojas fossem fechadas e que todos saíssem das ruas, pois sua filha, a princesa, iria para um banho de mar e não queria ser vista por ninguém. O rapaz se escondeu atrás de uma porta, de onde poderia ver a princesa passar.
Não demorou muito e ela apareceu, acompanhada por várias empregadas. Quando passou perto da porta onde Alladin estava escondido, ela tirou o véu que cobria sua cabeça e Alladin pôde ver seu rosto. A moça era tão bonita que Alladin se apaixonou imediatamente e desejou se casar com ela. Quando chegou em casa, ele contou à mãe sobre seu amor pela princesa. A senhora riu e disse:
- Meu filho, você deve estar louco para pensar em algo assim!
- Não estou louco, mamãe, e pretendo pedir a mão da princesa ao sultão. Você precisa procurá-lo e fazer o pedido – disse ele.
- Eu? Falar com o sultão? Você sabe que ninguém pode se aproximar dele sem levar um presente valioso – respondeu a senhora.
- Bem, vou te contar um segredo. Aquelas frutas que trouxe da caverna não são simples pedaços de vidro. São joias de grande valor. Eu já vi pedras preciosas nas joalherias, e nenhuma delas é tão grande ou brilhante como essas. Tenho certeza de que oferecê-las irá conquistar o favor do sultão.
Alladin pegou as pedras do armário e as trouxe para sua mãe, colocando-as em um prato de porcelana. A beleza das cores deixou a senhora maravilhada, e ela tinha certeza de que o presente não poderia deixar de agradar ao sultão. Ela cobriu o prato e as joias com um belo pano de linho e saiu em direção ao palácio.
A multidão na corte era grande, com pessoas ocupadas com seus afazeres. As portas estavam abertas e ela foi entrando. Ela ficou em frente ao sultão, mas ele não percebeu sua presença e nem lhe deu atenção.
Durante uma semana, ela foi ao palácio todos os dias e ficou sempre no mesmo lugar. Finalmente, ele a viu e perguntou o que ela desejava. Tremendo, a senhora contou sobre a intenção de seu filho. O sultão a ouviu amigavelmente e perguntou o que ela trazia nas mãos. Ela retirou o guardanapo de cima do prato e mostrou as joias cintilantes.
Ele ficou surpreso ao ver tamanhas maravilhas! Ele já havia decidido que sua filha se casaria com um de seus oficiais, mas disse à mãe de Alladin:
- Diga ao seu filho que ele se casará com a princesa se me enviar quarenta vasos cheios de joias como essas. Eles devem ser entregues por quarenta empregados, todos vestidos ricamente.
A mãe de Alladin se curvou até o chão e voltou para casa pensando que tudo estava perdido. Ela transmitiu a mensagem ao filho, esperando que ele desistisse. No entanto, Alladin sorriu e, quando sua mãe se afastou, ele pegou a lâmpada e a esfregou. O gênio apareceu instantaneamente e ele pediu que tudo que o sultão havia pedido fosse providenciado. O gênio desapareceu e voltou trazendo quarenta empregados, cada um carregando um vaso cheio de pérolas, rubis, diamantes, esmeraldas, safiras e ametistas. Alladin ordenou que fossem ao palácio, dois a dois, e pediu a sua mãe que entregasse o presente ao sultão. Os empregados estavam vestidos tão ricamente que todos nas ruas paravam para vê-los. Eles entraram no palácio e se ajoelharam em frente ao sultão, formando um semicírculo. Os empregados colocaram os vasos sobre o tapete.
A surpresa do sultão diante de tanta riqueza foi indescritível. Depois de contemplá-las por um longo tempo, ele se levantou e disse à mãe de Alladin:
- Diga a seu filho que eu o espero de braços abertos.
A senhora, feliz com a notícia, não perdeu tempo. Ela correu e deu a mensagem a seu filho. No entanto, Alladin não teve pressa. Primeiro, ele chamou o gênio e pediu:
- Quero um banho perfumado, uma roupa luxuosa, um cavalo tão bonito quanto o do sultão, vinte empregados e vinte mil moedas de ouro, distribuídas em vinte bolsas. Tudo isso apareceu diante dele imediatamente. Alladin, elegantemente vestido e montado em um belo cavalo, percorreu as ruas, causando admiração a todos. Os empregados marchavam ao seu lado, cada um carregando uma bolsa cheia de moedas de ouro para distribuir ao povo. Quando o sultão viu aquele belo jovem, ele saiu de seu trono para recebê-lo. À noite, foi oferecida uma grande festa em comemoração. O sultão desejava que Alladin se casasse o mais rápido possível com a princesa, mas Alladin disse:
- Antes, construirei um palácio para ela.
Assim que voltou para casa, Alladin chamou o gênio e disse:
- Construa para mim um palácio de mármore finíssimo, decorado com pedras preciosas.
- Quero estábulos, cocheiras, lacaios, empregados e a mais luxuosa mobília do mundo.
O casamento de Alladin e a princesa foi realizado em meio à grande riqueza. O rapaz já havia conquistado o coração do povo por sua generosidade. Eles foram imensamente felizes por muitos anos.
Nessa época, o mágico, que estava na África, descobriu que Alladin era muito rico e amado por todos. Cheio de raiva, ele foi atrás de Alladin. Ao chegar, ouviu alguém falando sobre o maravilhoso palácio construído pelo gênio da lâmpada. O mágico decidiu então obter a lâmpada, custasse o que custasse. Ele comprou uma dúzia de lâmpadas de cobre, idênticas à lâmpada maravilhosa, e foi até o palácio gritando:
- Troco lâmpadas novas por lâmpadas velhas!
Quando chegou à janela da princesa, os empregados o chamaram, dizendo:
- Venha aqui. Temos uma lâmpada velha e feia que queremos trocar.
Era a lâmpada maravilhosa que Alladin havia deixado em cima de um móvel. A princesa não sabia o seu valor, então pediu a um empregado que a trocasse por uma nova. O mágico, muito satisfeito, deu-lhe a melhor lâmpada que tinha e saiu correndo para a floresta. Quando anoiteceu, ele chamou o gênio da lâmpada e ordenou que o palácio, a princesa e ele próprio fossem transportados para a África.
O sultão ficou profundamente triste ao descobrir que sua filha e o palácio tinham desaparecido. Ele enviou soldados em busca de Alladin, que foi trazido até ele.
- Vou deixá-lo em liberdade por quarenta dias e quarenta noites – informou o sultão. – Se durante esse tempo minha filha não aparecer, você será aprisionado.
Alladin vagou pela cidade, perguntando às pessoas o que havia acontecido com seu palácio. Ninguém sabia dar informações. Depois de andar muito, ele parou perto de um riacho para saciar sua sede. Quando se abaixou para pegar um pouco de água com as mãos, esfregou o anel mágico que tinha em seu dedo. O gênio do anel apareceu e perguntou o que ele desejava.
- Ó poderoso gênio, traga de volta minha esposa e meu palácio! – implorou ele.
- Isso não está ao meu alcance – disse o gênio. – Peça ao gênio da lâmpada. Eu sou apenas o gênio do anel.
- Então, peça a ele que me leve até onde o palácio está – solicitou Alladin.
Imediatamente, o rapaz se sentiu levantado pelos ares. Ele chegou a um país estranho e logo avistou o palácio. A princesa estava chorando em seu quarto. Quando o viu, ela ficou muito feliz e correu em sua direção, contando tudo o que havia acontecido. Ao ouvir sobre a troca das lâmpadas, Alladin percebeu que o mágico era o responsável por toda aquela aflição.
- Me diga, – perguntou à esposa – onde está a lâmpada velha agora?
- O velho a carrega em seu cinto e nunca a deixa de lado, dia e noite.
Depois de conversarem muito, eles elaboraram um plano para recuperar a lâmpada.
Alladin foi à cidade e comprou um pó que fazia as pessoas dormirem instantaneamente. A princesa convidou o mágico para jantar com ela. Enquanto comiam os primeiros pratos, ela pediu a um criado que lhes trouxesse dois copos de vinho, que ela havia preparado. O mágico, encantado com tanta gentileza, bebeu o vinho no qual ela havia colocado uma dose do pó. Sua mente ficou confusa e ele acabou adormecendo.
Alladin, que estava escondido atrás de uma cortina, se aproximou rapidamente e pegou a lâmpada do cinto do velho mágico. Em seguida, ordenou aos empregados que o levassem para fora do palácio e o deixassem bem longe dali. Então, ele esfregou a lâmpada e, quando o gênio apareceu, pediu que o palácio fosse devolvido ao seu lugar. Algumas horas depois, o sultão olhou pela janela e viu o palácio de Alladin brilhando sob o sol.
Ele decidiu então fazer uma festa que durou uma semana. O mágico, ao acordar no dia seguinte e perceber que estava na rua sem a lâmpada, ficou desesperado, fugiu para longe e nunca mais voltou.
Alladin e sua esposa viveram felizes pelo resto de suas vidas.